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Utilização

O triclosan é um antimicrobiano de largo espectro usado como antisséptico, desinfetante ou conservante em diversos produtos de consumo humano tais como cosméticos, produtos de limpeza, materiais de plástico, brinquedos, tintas, materiais hospitalares, entre outros. É também incorporado na superfície de vários destes produtos, inclusive em dispositivos médicos, materiais de plástico, tecidos ou utensílios de cozinha, nos quais permanece durante um longo período de tempo de forma a manter a sua atividade biocida. [1]

De acordo com informações fornecidas pela COLIPA (The European Cosmetic Toiletry and Perfumery Association), a quantidade de triclosan utilizado na Europa atingiu cerca de 450 toneladas no ano de 2006. Estima-se ainda que a produção de triclosan na Europa possa ser de 10-1000 toneladas por ano, no entanto não está claro se as informações acima sobre o uso ou produção de triclosan incluem os dados sobre as quantidades deste composto que são importados ou exportados como produtos acabados, tais como dispositivos médicos, brinquedos, têxteis, entre outros. Na Europa, cerca de 85% do volume total do triclosan é utilizado em produtos de cuidados pessoais, comparativamente com 5% para os têxteis e 10% para os plásticos e os materiais que contactam diretamente com alimentos (dados reportados pela COLIPA, em 2007). [2]

O triclosan foi indicado por uma Diretiva Europeia sobre Cosméticos (76/768 / CEE) em 1986 para utilização como conservante em produtos cosméticos em concentrações até 0,3%. A recente avaliação de risco realizada pelo Comité Científico Europeu de Produtos de Consumo (CCPC) concluiu que, embora a sua utilização numa concentração máxima de 0,3% em dentífricos, sabonetes, géis de banho e desodorizantes foi considerada segura sobre o ponto de vista de utilização de um só produto, no entanto uma exposição a vários produtos contendo triclosan pode já não o ser. Num estudo realizado pela Agência Europeia do Ambiente (EPA) dinamarquesa a maior quantidade de triclosan em cosméticos foi encontrado em produtos para a higiene oral, incluindo pastas de dentes. Neste grupo, a quantidade de triclosan diminuiu cerca de 37% no período entre os anos 2000 e 2004. Os desodorizantes eram o grupo de cosméticos com uma maior diminuição na quantidade de triclosan (79%). Outro estudo conduzido pela EPA dinamarquesa revelou que 15% dos desodorizantes mais vendidos no mercado dinamarquês continham quantidades inferiores a 0,3% de triclosan. [1, 2]

 

O triclosan tem sido utilizado a nível hospitalar com o intuito de erradicar microrganismos, tais como Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA). O triclosan é amplamente utilizado na lavagem das mãos e do corpo em quantidades que rondam os 2%, para eliminar bactérias e outros microrganismos antes de uma cirurgia. [1, 2]

O triclosan é utilizado num grande número de dispositivos médicos, como por exemplo, suturas cirúrgicas, sondas ureterais e pode ser indicado para prevenir infeções durante um transplante. Em sondas uretrais, o triclosan revelou inibir o crescimento de bactérias uropatogénicas comuns e consequentemente reduzir a incidência de infeções do trato urinário. Outro estudo demonstrou efeitos sinérgicos entre o triclosan e outros antibióticos sobre isolados clínicos contendo espécies uropatogénicas, suportando a utilização de sondas revestidas com o triclosan, quando necessário, juntamente com antibioterapia no tratamento de doentes complicados. [2]

Noutros estudos, foi sugerido o uso de triclosan em cateteres urinários, uma vez que o antimicrobiano inibia o crescimento de Proteus mirabilis e controlava a incrustação e bloqueio do cateter. Mais recentemente, foi também demonstrado o sinergismo entre o triclosan e outro composto enzimático anti-biofilmes, que, quando presentes em cateteres aumentavam a durabilidade da atividade antimicrobiana e preveniam a formação de biofilmes. [2]

 

A atividade antimicrobiana de largo espectro do triclosan tem conduzido à sua incorporação num amplo número de produtos destinados ao uso doméstico, tais como sabonetes líquidos, detergentes, tábuas de cortar, brinquedos para crianças, tapetes e recipientes de armazenamento de alimentos. [2]

 

Muitas peças de vestuário são tratadas com biocidas. O triclosan é um dos agentes utilizados como biocida na produção de têxteis, sendo os tecidos também tratados com outros agentes capazes de aumentar a durabilidade das suas propriedades antibacterianas. [2]

 

O triclosan foi avaliado pelo Comité Científico de Alimentação Humana (SCF 2000) e pela Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA 2004) para uso em materiais passíveis de estarem em contacto com alimentos, e classificado com uma restrição de 5 mg / kg de alimento. Esta avaliação teve em conta o uso do triclosan como biocida de superfície, isto é, como substância destinada a inibir o crescimento de bactérias na superfície, mas que não se destina a produzir um efeito antimicrobiano no alimento em si. No entanto, de acordo com a Diretiva 2002/72/CE, em 2010 foi decidido que o triclosan não deve ser incluído na lista de aditivos alimentares, e não pode ser usado no fabrico de plásticos destinados a estar em contacto com os alimentos. [2]

[1] Yueh, M., Tukey, R. (2016) Triclosan: a widespread environmental toxicant with many biological effects. Annual Review of Pharmacology and Toxicology, 56, 251-272.

[2] Scientific Committee on Consumer Safety, SCCS (2010) Opinion on triclosan - Antimicrobial Resistance, Directorate-General for Helth & Consumers, European Commission.

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