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Vias de Exposição

Vários estudos epidemiológicos encontraram triclosan na urina, sangue e leite maternos em diferentes regiões do mundo, o que sugere a distribuição e exposição ubiquitário deste composto. Um estudo sueco que examinou a carga corporal de compostos fenólicos halogenados, identificou o triclosan como um dos vários compostos presentes no plasma da população testada. Outro estudo, realizado na população geral dos Estados Unidos, detetou triclosan em 74,6% de um total de 2517 participantes, com os níveis mais elevados a serem detetados em jovens adultos e pessoas de maior estatuto socioeconómico. [1]

Mulheres grávidas e os seus fetos são unicamente vulneráveis a disruptores endócrinos, potencialmente incluindo o triclosan. O triclosan foi já encontrado em leite materno, com concentrações que variam entre os 100 e os 2100 μg/kg em 51 de 62 amostras. Num estudo recente efetuado em mulheres grávidas no Canadá, 99% apresentou níveis detetáveis de glucoronídeos de triclosan e em 80% encontrou-se o composto livre, não conjugado, na sua urina. As concentrações urinárias de triclosan pareceram aumentar com a idade e a posição socioeconómica. Foi reportado também que uma larga porção do triclosan livre no corpo humano está localizado no fígado. Um estudo teste que se focou na exposição infantil nas metrópoles dos Estados Unidos revelou que dois terços de 90 raparigas, com idades entre os 6 e os 8 anos, exibiram concentrações urinárias de triclosan detetáveis, desde 1,6 a 956.0 μg/L, indicando a exposição a triclosan entre jovens. Um estudo de avaliação de risco realizado numa população de mulheres na Suécia reportou que maiores concentrações de triclosan no leite e soro estavam relacionadas com o uso de produtos de cuidado pessoal contendo triclosan. Por contraste, não foram encontradas concentrações plasmáticas de triclosan significativas entre dois grupos, um de controlo e um grupo exposto a produtos de uso diário com triclosan, num outro estudo com 12 adultos. Num estudo epidemiológico que procurou explorar os potenciais efeitos na saúde da exposição pré-natal ao triclosan e o tamanho dos recém-nascidos, os investigadores não encontraram associações significativas. [1]

Ao incorporar dados in vitro de clearance metabólica e atividades de ligação a proteínas plasmáticas, estabeleceu-se um modelo de extrapolação in vitro para in vivo baseado em populações para estimar a dose diária oral (dose equivalente oral) de uma variedade de produtos químicos presentes no ambiente, incluindo o triclosan. Entre 35 compostos estudados, as maiores doses de exposição oral humana estimadas eram geralmente bastante inferiores às doses orais equivalentes. Contudo, o triclosan foi um de dois químicos que tiveram um nível de exposição oral estimado (0,13 mg/kg/dia) maior que a dose oral equivalente de 0,0117 mg/kg/dia. Estes dados desafiam o uso seguro do triclosan em humanos e apoiam o conceito que o nível de exposição humano está dentro do intervalo em que a bioatividade in vitro ocorre. [1]

A nível de exposição ocupacional, um estudo realizado nos Estados Unidos, procurou quantificar a absorção de triclosan em agentes de saúde com exposição ocupacional a sabonetes contendo este químico. Os resultados indicaram que a exposição ocupacional resultou num aumento de 206 ng/mL, permitindo concluir que o uso de sabonetes antibacterianos num ambiente de cuidados de saúde representa uma fonte de exposição substancial e potencialmente relevante a nível biológico em ambientes de cuidados de saúde. [2]

  • Redução do risco

Enquanto consumidor, existem algumas medidas fáceis para diminuir a quantidade de triclosan a que somos expostos:

1. Eliminar o uso pessoal e familiar de sabonetes antibacterianos. Procurar por triclosan ou “antibacteriano” no rótulo dos produtos.

 

2. Limitar o uso de produtos que contenham triclosan, especialmente se estiver grávida ou à espera de engravidar. Procurar por triclosan em produtos como pastas de dentes e tábuas de cortar. Quando presente, por vezes os produtos apresentam Microban® ou Biofresh® no rótulo

 

3. Pedir ao seu local de trabalho, escola, etc. para usar sabonetes não antibacterianos. Os sabonetes antibacterianos não são necessários para remover os germes das mãos. Estudos mostraram que lavar as mãos com sabonetes normais durante 20 segundos são igualmente eficazes na remoção de microrganismos.

 

4. Chamar a atenção a entidades governamentais e reguladoras dos perigos associados ao triclosan.

[1] Yueh, M., Tukey, R. (2016) Triclosan: a widespread environmental toxicant with many biological effects. Annual review of pharmacology and toxicology, 56, 251-272.

[2] MacIsaac, J. K., Gerona, R. R., Blanc, P. D., Apatira, L., Friesen, M. W., Coppolino, M., & Janssen, S. (2014). Health care worker exposures to the antibacterial agent triclosan. Journal of occupational and environmental medicine/American College of Occupational and Environmental Medicine, 56(8), 834-839.

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